ADORÁVEIS ESQUISITOS, eu mereço e posso fazer do trabalho minha paixão!

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Penso em compartilhar com cada um de vocês hoje, uma história que tem o potencial de modificar sua visão sobre o dia-a-dia, no trabalho e na vida.
Já há algum tempo, desenvolvi o hábito de andar pelo mundo, seja como Montanhista e Administrador procurando gente esquisita.   

Sim, isso mesmo que você leu: procurando gente esquisita.

Nessas andanças, esse hábito, cada vez mais apurado, transformou-se numa competência inconsciente, que absorvia a diversidade de culturas de Povos e perfis das pessoas, à medida em que a elas fui sendo exposto e me expondo.  
Dos Himalaias, no Butão, Nepal e Tibet na Ásia à Europa Oriental, nos Cáucaso na Rússia.
Da Tanzânia na África à cadeia rochosa dos Andes na América.
E na belíssima Mantiqueira que serpenteia, dividindo Minas Gerais das terras do litoral Atlântico

Saiba que gente esquisita se reconhece pelo olhar.  Olhe em volta!!  Quando olhares se cruzam, os Esquisitos se reconhecem de pronto.

São olhares profundos, longos, investigativos, duram segundos que podem incomodar os mais tímidos. Você certamente já viu um desses.  São olhos que fazem a leitura do outro, das situações, buscam significado em cada ação, tem uma Missão: valorizar e empoderar cada detalhe, por menor que seja; cada pessoa e todas as pessoas. Olhos que veem, olhos que escutam com atenção.

Por que alguém haveria de procurar gente esquisita por aí?  Acontece que descobri que gente esquisita, faz diferente, gente esquisita faz a diferença.   

Aqui começa nossa história.  GENTE ESQUISITA, faz diferente, Gente esquisita, FAZ A DIFERENÇA.

Estava eu no segundo ano de Pós-Graduação em BIOPSICOLOGIA no interior de São Paulo. Eram idos de 2012….  No Parque Visão Futuro os dias seguiam alguns rituais, com aulas distribuídas entre dois momentos principais de Meditação-Yoga.  Bem cedo todos éramos acordados com o som de um gongo oriental, daqueles de bronze, cuja origem remonta ao século VI na China.

Acredita-se que seu som traz paz e plenitude, e demonstrou ser também poderoso e eficiente despertador! 

Despertos, tínhamos 15 minutos para estar em posição na sala de Meditação-YOGA para uma sessão de cerca de 1 hora, antes do café da manhã.

Na noite anterior, havia corrido a notícia, que após a Meditação vespertina, um representante do governo do BUTÃO chegara ao Parque Visão Futuro e ali passaria dois dias em visita, à espera da Conferencia RIO 2012 ou RIO +20 (remetendo à RIO 92, seu evento anterior).   

O BUTÃO entrou para a história da Economia Mundial ao defender por décadas o índice FIB Felicidade Interna Bruta em contraposição ao PIB Produto Interno Bruto.

A ideia era simples e brilhante. Sendo um País preponderantemente agrícola, sem produção industrial, apenas artesanal, não fazia sentido medir seu desenvolvimento através do PIB, cujo cálculo se apoia na produção em escala, seja industrial, agrícola e serviços.

O Butão apresentava boa qualidade de vida, oferta de educação equilibrada, uma medicina baseada no hábito oriental para uma vida saudável,  um misto de corpo em movimento, alimentação saudável, massoterapia e plantas medicinais.  A ideia do FIB impactou as teses dos economistas ocidentais, influenciando na criação dos IDH –Índices de Desenvolvimento Humano que temos hoje.

O IDH foi criado para medir o nível de desenvolvimento humano dos países a partir de indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (expectativa de vida ao nascer) e renda (PIB per capita).

Aliás, um parêntesis aqui, como está a evolução do IDH de seu Município nos últimos anos? Repare principalmente nos quesitos da Educação e Saúde.

Analise e planeje estes importantes componentes da Política Pública e estabeleça metas e objetivos factíveis para melhoria. Compare com o desempenho de Municípios com características semelhantes ao seu. 

Retornando ao fio da meada: ter um representante do BUTÃO tão próximo, era um grande privilégio.  Todos ansiosos, queríamos vê-lo no café da manhã.

Mas, eis que surge na sala de Meditação, bem no finalzinho da sessão matinal, essa figura Butanesa, caminhando descalço com suas meias pretas de cano alto e um Quimono colorido, que chamam GHO (KIRA na versão feminina) –  elegante, longo, abaixo do joelho, mangas largas.

Atravessou o salão e sentou-se em posição de lótus ao lado de nossa Mestra, que conduzia a meditação. Fechou os olhos e meditou por longos 20 minutos. A plateia, incluindo eu, em suas camisetas brancas e moletons surrados, em silêncio, ouvia a “sinfonia da fome” com nossos estômagos roncando após uma hora de Meditação-Yoga, ansiando pelo café da manhã. Solidários, sentados sobre os calcanhares com pés, joelhos, pernas e tudo mais pulsando de dor e dormência.

De repente o ser do BUTÃO abre os olhos, nossa expectativa era grande, talvez tirasse um “coelho butanês cor de laranja” daquelas mangas largas, ou qualquer coisa surpreendente do tipo.

Abre a boca e fala em voz baixa, em excelente inglês, olhando para um ponto distante no fundo da sala: “TODOS NÓS TEMOS UMA COISA EM COMUM, INDEPENDENTE DA NACIONALIDADE, RAÇA, RELIGIÃO, SITUAÇÃO SOCIAL, GRAU DE INSTRUÇÃO”.

E, para desespero de todos, fecha novamente os olhos!!!!!

Nossas mentes nos desafiavam com pensamentos pouco nobres: estávamos cansados e com fome, a última refeição foi a 12 horas atrás. Será que ele vai meditar mais 20 minutos??

Mas ele abre os olhos novamente e continua: “TODOS NÓS TEMOS UMA COISA EM COMUM:  24 HORAS POR DIA!”

A sensação, acreditem foi de choque: direto do Butão tomamos conhecimento que todos temos 24 horas por dia.  Como assim? Ele veio de tão longe para falar isso, deve ser importante, além da nossa compreensão. Optamos por não pré-julgar .. Ainda bem, pois ele logo continuou: 

“DEPENDENDO DE COMO USAMOS ESSAS 24 HORAS, OU MESMO PEQUENAS FRAÇÕES DELA, ISSO VAI TRANSFORMAR AS NOSSAS VIDAS E AS VIDAS DAS PESSOAS AO NOSSO REDOR”

Levantou e saiu, assim como entrou, simples e sem cerimônia 
Silêncio agora, cheio de significado. 

Efeitos práticos: passei a dar mais valor a cada minuto, percebi que o trabalho voluntário que eu já exercia regularmente podia ser melhor planejado e replicado em escala maior. 

Voltando a SP, comprei uma cartilha e alguns lápis, borracha e cadernos pautados e por 3 meses, 10 minutos por dia, 5 dias por semana, ensinei uma pessoa querida que me ajuda há alguns anos em casa, a ler e escrever.

Ensinar um adulto a ler é um desafio de retorno indescritível.

Busquei a oportunidade para me envolver, disciplinadamente, por 2 anos em um projeto voluntário de capacitação de 8000 servidores públicos, para que compreendessem a magia do relacionamento colaborativo, a exercitar a liderança compartilhada em equipes de alto desempenho, a se conectar com sua missão e sentir a real importância de seu trabalho na vida das pessoas e na sua própria. 

Enfim, empoderá-los para fazer diferente e fazer a diferença.   Tem muita mais Gente Esquisita no mundo do que se supõe olhando o organograma das grandes Instituições.   Existe outro organograma, que se sobrepõe ao oficial e que é determinado pelo grau de comprometimento, colaboração, senso de Missão, dos que movidos pela motivação intrínseca que existe em cada um de nós, serão os propulsores das mudanças que pretendemos, precisamos e mais que tudo ousamos realizar.

Essa é a pegada que permeia as atividades do INSTITUTO ARTICULE e também da Célula de Soluções Estratégicas do GEAL, com participação ativa da APM, na busca de soluções para que o cidadão possa ser atendido por políticas públicas eficazes e duradouras, que atravessem gestões e disponibilizem atendimento aos Direitos Sociais, sem a necessidade de Judicialização.

Pense em como no seu Município podemos juntos buscar essas soluções, principalmente nas áreas de Educação e Saúde. O Gestor Público e sua Equipe são os maiores interessados em reduzir a Judicialização, atender a População e ter controle orçamentário, evitando as decisões judiciais, que tanto impactam seu orçamento. Procure a APM, já que, sem dúvida, unidos somos mais fortes.

Naquela manhã de junho de 2012, durante o café,  com o Sr KARMA URO, VP do Conselho Nacional do Butão, mantivemos todos um longo silêncio, cheio de significado, digerindo a profundidade do aprendizado que essa pessoa especial compartilhou conosco. 

Foi um silêncio de RESPEITO e GRATIDÃO.

Isso me levou ao BUTÃO e a 5450m no Everest no NEPAL cerca de um ano depois. Assunto para outro artigo.

Fim 28-01-2019


Rogério Góes é Administrador, Montanhista, Conselheiro do CRASP, diretor de Relações Institucionais do ARTICULE, interlocutor das parcerias CRASP-TJSP, CRASP-APM e gestor da Legal Leads.

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